domingo, 1 de março de 2015

Aspectos morfológicos da droga Yagê

O caule da Banisteria caapi, que constitui propriamente a droga, não é ainda objeto de comércio, sendo apenas considerado como uma curiosidade científica nos meios civilizados. As outras partes do vegetal, são igualmente ativas conforme tivemos a oportunidade de verificar a presença de Yageina e Yagenina.
Banisteria caapi

Não se tratando de um produto comercial, é natural que não tenha uma apresentação uniforme e característica, sendo de supor entretanto, que como consequência dos estudos, que se estão procedendo neste interessante vegetal venha ter ele mais tarde alguma aplicação terapêutica, tornando-se então objeto, de cogitação especial da fármaco emporia e da fármaco diacosmia. Como uma contribuição entretanto á estes estudos, daremos uma descrição sumaria da morfologia do caule do Yagê tal qual ele se apresenta. Os primeiros espécimes por nós examinados vieram do Estado do Amazonas trazidos pelo botânico Ducke e se apresentava sob a forma de pequenos fragmentos de cerca de 4 a 6 centímetros de comprimento, medindo em média, de 1 a 1,5cm de diâmetro, cortados obliquamente nas extremidades de superfície externa sulcada longitudinalmente e de cor pardo-escuro.
Tratando-se de uma planta escandente é natural que muitas vezes o seu caule se apresente retorcido e recurvado com aspecto dos cipós possuindo, além disso, nós mais ou menos distanciados, de onde partem ramos laterais.
O caule Banisteria Caapi, quando ainda verde deixa-se quebrar com grande facilidade apresentando então, uma fratura nítida, apenas levemente fibrosa do lado oposto aquele onde a fratura teve início ficando os dois fragmentos presos pela casca. A secção transversal examinada sem microscópio ou lupa deixa ver nitidamente quatro regiões, a mais externa ou cortical. A segunda área mais externa é a menos expressa, de cor pardo escuro acompanhando o contorno bastante irregular do caule, e penetrando de quando em vez na segunda região que é formada pelo lenho secundário; A terceira de todas é a mais desenvolvida, de cor mais clara, com numerosos poros, visíveis, mesmo sem auxilio de lentes apresenta-se comumente bastante irregular; segue-se a terceira que é a mais compacta e de disposição radial; e finalmente, uma medula, algumas vezes excêntrica e de contorno ligeiramente elíptico. Este caule quando verde possui um sabor levemente amargo adstringente e um cheiro vegetal pouco característico, com o dessecamento, quer o cheiro, quer o sabor, se atenuam. Uma propriedade interessante que observamos foi a relativa rapidez com que os fragmentos deste caule escurecem, o que faz supor a existência de um fermento especial.
Afolha tem pelos peltados e as glândulas escutelares, autorizam desde logo a considera-la como pertencente à família das Malpighiaceas.


Bibliografia: Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Setembro de 1936 – Oswaldo de A. Costa e Luiz Faria – Laboratório Bromatológico.

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