O caule da Banisteria
caapi, que constitui propriamente a droga, não é ainda objeto de comércio,
sendo apenas considerado como uma curiosidade científica nos meios civilizados.
As outras partes do vegetal, são igualmente ativas conforme tivemos a oportunidade
de verificar a presença de Yageina e Yagenina.
Banisteria caapi |
Não se tratando de um produto comercial, é natural que
não tenha uma apresentação uniforme e característica, sendo de supor
entretanto, que como consequência dos estudos, que se estão procedendo neste
interessante vegetal venha ter ele mais tarde alguma aplicação terapêutica,
tornando-se então objeto, de cogitação especial da fármaco emporia e da fármaco
diacosmia. Como uma contribuição entretanto á estes estudos, daremos uma
descrição sumaria da morfologia do caule do Yagê tal qual ele se apresenta. Os
primeiros espécimes por nós examinados vieram do Estado do Amazonas trazidos
pelo botânico Ducke e se apresentava sob a forma de pequenos fragmentos de
cerca de 4 a 6 centímetros de comprimento, medindo em média, de 1 a 1,5cm de
diâmetro, cortados obliquamente nas extremidades de superfície externa sulcada
longitudinalmente e de cor pardo-escuro.
Tratando-se de uma planta escandente é natural que muitas
vezes o seu caule se apresente retorcido e recurvado com aspecto dos cipós
possuindo, além disso, nós mais ou menos distanciados, de onde partem ramos
laterais.
O caule Banisteria Caapi, quando ainda verde deixa-se
quebrar com grande facilidade apresentando então, uma fratura nítida, apenas
levemente fibrosa do lado oposto aquele onde a fratura teve início ficando os
dois fragmentos presos pela casca. A secção transversal examinada sem
microscópio ou lupa deixa ver nitidamente quatro regiões, a mais externa ou
cortical. A segunda área mais externa é a menos expressa, de cor pardo escuro
acompanhando o contorno bastante irregular do caule, e penetrando de quando em
vez na segunda região que é formada pelo lenho secundário; A terceira de todas
é a mais desenvolvida, de cor mais clara, com numerosos poros, visíveis, mesmo
sem auxilio de lentes apresenta-se comumente bastante irregular; segue-se a
terceira que é a mais compacta e de disposição radial; e finalmente, uma
medula, algumas vezes excêntrica e de contorno ligeiramente elíptico. Este
caule quando verde possui um sabor levemente amargo adstringente e um cheiro
vegetal pouco característico, com o dessecamento, quer o cheiro, quer o sabor,
se atenuam. Uma propriedade interessante que observamos foi a relativa rapidez
com que os fragmentos deste caule escurecem, o que faz supor a existência de um
fermento especial.
Afolha tem pelos peltados e as glândulas escutelares, autorizam
desde logo a considera-la como pertencente à família das Malpighiaceas.
Bibliografia:
Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Setembro de 1936 – Oswaldo de
A. Costa e Luiz Faria – Laboratório Bromatológico.
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