Bacopari |
Planta conhecida como Bacopari, a R. gardneriana ocorre
abundantemente em todo o país, sendo utilizada na medicina tradicional em
vários quadros patológicos, incluindo inflamações, infecções e processos
dolorosos. Embora alguns estudos tenham mostrado a presença de algumas importantes
classes de metabólicos secundários, como esteroides e terpenóides,
biflavonóides e principalmente xantonas, não foram encontrados estudos que
comprovassem cientificamente as apregoadas propriedades medicinais desta
planta. Neste contexto, propusemos determinar quais os possíveis efeitos
farmacológicos que esta planta poderia apresentar. Selecionaram-se as folhas
para um estudo inicial devido ser esta parte mais usada na medicina popular e
também, devido à inexistência de investigação fitoquímica com esta parte da
planta.
Um estudo fitoquímico orientado para o isolamento de
substâncias com efeitos analgésicos possibilitou o isolamento de 4 biflavonóides,
identificados como volkensiflavone , fukugetina ou morelloflavona, fukugesida e
GB-2ª. Estes compostos, especialmente o 11, apresentam considerável efeito
analgésico quando testado no modelo de dor induzida pela formalina em
camundongos, sendo mais eficazes do que a indometacina. Além disso,
verificou-se que o extrato bruto hidoalcóolico das folhas de R. gardneriana foi
efetivo como antiinflamatório em ratos, no modelo de pleurisia induzida pela
carragenina, cujo efeito parece estar relacionado com a presença da fukugetina,
composto presente em maior abundância nas folhas desta planta.
Recentemente, foi isolado um novo biflavonóides das
folhas da R. Gardneriana, que consiste no derivado metoxilado do GB-2ª, que
pode, com base nos dados espectroscópicos e comparação com os dados da literatura
para moléculas similares, apresentar as estruturas. A exata posição do grupo
metoxila não foi localizada inicialmente, devido a um efeito espectroscópico
conhecido como atropimerismo, o qual parece ser característico de
biflavonóides. No entanto, a comparação com outros flavonoides descritos na
literatura contendo o grupo metoxila em posições 3 e 4 do anel aromático,
permitiram evidenciar a estrutura como a correta, a qual foi confirmada quando
se realizou uma hidrólise básica, e se verificou a formação de vários
derivados, incluindo o ácido isolvanílico, o qual apresenta a metoxila na
posição 4 do anel aromático. Este composto, submetido aos testes
farmacológicos, apresentou efeitos analgésicos similares aos biflavonóides
isolados anteriormente.
Bibliografia:
Revista Química Nova, 23 (5) (2000) – Estudos desenvolvidos na NIQFAR/UNIVALI –
Valdir Cechinel Filho
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