quinta-feira, 23 de julho de 2015

Rheedia gardneriana Pl TR (Guttiferae)

Bacopari
Planta conhecida como Bacopari, a R. gardneriana ocorre abundantemente em todo o país, sendo utilizada na medicina tradicional em vários quadros patológicos, incluindo inflamações, infecções e processos dolorosos. Embora alguns estudos tenham mostrado a presença de algumas importantes classes de metabólicos secundários, como esteroides e terpenóides, biflavonóides e principalmente xantonas, não foram encontrados estudos que comprovassem cientificamente as apregoadas propriedades medicinais desta planta. Neste contexto, propusemos determinar quais os possíveis efeitos farmacológicos que esta planta poderia apresentar. Selecionaram-se as folhas para um estudo inicial devido ser esta parte mais usada na medicina popular e também, devido à inexistência de investigação fitoquímica com esta parte da planta.
Um estudo fitoquímico orientado para o isolamento de substâncias com efeitos analgésicos possibilitou o isolamento de 4 biflavonóides, identificados como volkensiflavone , fukugetina ou morelloflavona, fukugesida e GB-2ª. Estes compostos, especialmente o 11, apresentam considerável efeito analgésico quando testado no modelo de dor induzida pela formalina em camundongos, sendo mais eficazes do que a indometacina. Além disso, verificou-se que o extrato bruto hidoalcóolico das folhas de R. gardneriana foi efetivo como antiinflamatório em ratos, no modelo de pleurisia induzida pela carragenina, cujo efeito parece estar relacionado com a presença da fukugetina, composto presente em maior abundância nas folhas  desta planta.
Recentemente, foi isolado um novo biflavonóides das folhas da R. Gardneriana, que consiste no derivado metoxilado do GB-2ª, que pode, com base nos dados espectroscópicos e comparação com os dados da literatura para moléculas similares, apresentar as estruturas. A exata posição do grupo metoxila não foi localizada inicialmente, devido a um efeito espectroscópico conhecido como atropimerismo, o qual parece ser característico de biflavonóides. No entanto, a comparação com outros flavonoides descritos na literatura contendo o grupo metoxila em posições 3 e 4 do anel aromático, permitiram evidenciar a estrutura como a correta, a qual foi confirmada quando se realizou uma hidrólise básica, e se verificou a formação de vários derivados, incluindo o ácido isolvanílico, o qual apresenta a metoxila na posição 4 do anel aromático. Este composto, submetido aos testes farmacológicos, apresentou efeitos analgésicos similares aos biflavonóides isolados anteriormente.

Bibliografia: Revista Química Nova, 23 (5) (2000) – Estudos desenvolvidos na NIQFAR/UNIVALI – Valdir Cechinel Filho


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