sábado, 5 de setembro de 2015

Cucurbitaceas Brasileiras 1904

Melão de São Caetano
Momordica charanthia L.

Esta planta chegou ao Brasil com os primeiros escravos, os quais a plantaram no jardim da Capela de São Caetano. Os brasileiros deram-lhe o nome de Melão de São Caetano e, depois, por causa da Capela de São Vicente, Melão de São Vicente.
Do Rio de Janeiro ela se espalhou para todos os estados brasileiros. No centro oeste é conhecida como Fruto de Cobra, Os escravos a chamam Negikern, talvez o seu nome africano.
Fruto maduro e sementes de Melão de São Caetano
Planta delicada, mais rasteira que trepadeira, com folhas pilosas quase redondas e fendidas, de cor verde-claro. Flores amarelo-claro, fruto comprido, liso, carnudo amarelo alaranjado vivo, 6-10cm de comprimento na maturidade se abre em 3 carpelos em cada um se encontra uma porção de sementes chatas e esquinadas de cor parda claro dentro duma polpa de cor vermelha e sabor doce.
A polpa vermelha é aproveitada como alimento pelas crianças, em quantidade maior tem efeito purgativo. A polpa vermelha misturada com sabão até desaparecer sua cor serve como emplastro contra panarícios, furúnculos, etc.
Os frutos maduros, aplicados com partes iguais de óleo de Arachi e exposto ao sol por alguns dias, tem a propriedade de remédio para feridas.
O suco espremido, misturado com partes iguais de óleo de rícino, serve ao povo do interior como, Anthelminticum, também é remédio radical nas doenças de galinhas, o Gogo, quando, dado em gotas e com intervalos curtos a galinha doente.
As folhas são muito aplicadas como remédio, porém em estado fresco. No reumatismo prepara-se uma decocção de 100grs para uma garrafa toma-se um copo de 3 em 3 horas e faz-se concomitantemente cataplasmas quentes de folhas socadas.
Fruto de Momordica charantia
O suco espremido das folhas toma-se às colheres das de chá, contra a febre gástrica. No comercio se encontra um remédio, licenciado chamado Elixir de São Caetano, como antifebril, estomáquico, anticólico, etc. Os leprosos fazem as folhas frescas cataplasmas, a fim de diminuir as dores. As lavadeiras usam as folhas para substituírem o sabão.
A raiz é considerada purgativa, em doses maiores vomitivas, as escravas aproveitavam a raiz da planta como abortiva.
Conforme afirmam alguns fazendeiros, 10 a 15 gotas de tintura de raízes frescas em partes iguais de álcool serve de afrodisíaco.
Os médicos receitam apenas a tintura e extrato fluido das folhas frescas. A substância que nomeei momordicum é sem cheiro e de sabor amargo. Aquecido na chapa de platina derrete e se resfria dando uma massa amarelada cristalizada, quando aquecida volatiza-se por completo.

Quimicamente Theodoro Peckolt encontrou: Óleo, 0,16% de cor parda clara, sem cheiro e sabor. 
Resina elástica, 0,11%, parda escura, transparente, de sabor acre, com ressaibo asqueroso, queima com cor viva, sem deixar resíduo.

Resina, 0,41% parda-escura, transparente, com ressaibo asqueroso, sem cheiro, porém aquecida derrete com cheiro asqueroso.

Ácido de resina 0,135% Parda, de ressaibo desagradável e asqueroso, sem cheiro, aquecido derrete com cheiro de bacalhau.

Acido resina, 1,05%, verde pardo-escuro solida, sem cheiro e sabor, queima fácil com cheiro de peixe.


Bibliografia: Revista da Flora Medicinal, 1936 – Plantas Medicinais e Úteis da Flora Brasileira. Theodoro Peckolt.

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