domingo, 24 de janeiro de 2016

Quinina abre a descoberta dos alcaloides.

Os dois farmacêuticos que isolaram a quinina, no começo, não tinham a certeza de terem descoberto um medicamento específico contra a Malária. Na verdade eles estavam com dois produtos diferentes, a serem experimentados no organismo humano. E concluiu a comunicação já iniciada manifestando a esperança de que algum hábil médico, “dos que reúnem a paciência a sagacidade”, fizesse as indispensáveis aplicações em seus doentes.
Tais provas não tardaram a ser feitas, e o resultado foi que se os primeiros cristais eram inócuos, o segundo produto, a quinina, produzia efeitos notáveis.  Um dos médicos,
François Magendie, fisiologista de renome que já tivera a coragem de experimentar em seus pacientes a morfina, o iodo, os brometos, a estriquinina, a brucina, a veratrina e a emetina, adicionou a quinina a sua lista. Logo depois um oficial francês, o Dr. Maillot, fez a prova da quina em Argel e Ajacio, parece que com resultados notáveis, pois lhe deram o nome a uma rua de Argel, e depois a uma aldeia, sendo finalmente pensionado.
Pelletier e Caventou não tiraram patente da descoberta, mas foram altamente recompensados; grandes honras lhes concedeu a França, nomeações importantes, o ambicionado prêmio Monthyon de dez mil francos, e Pelletier chegou até a ter estátua.
Depois de breve pausa para atender aos cumprimentos, saudações e homenagens, os dois cientistas voltaram ao trabalho. Pelletier isolou do ópio quatro novos alcaloides. Outros pesquisadores, franceses e alemães, foram-lhes nas águas e encontraram mais componentes na chinchona, e um jovem sábio francês, cujo nome estava apontado Louis Pasteur mostrou as relações de família entre todos os alcaloides da casca peruviana.
E vieram logo a seguir a cafeína do café, e a conina da cicuta, a nicotina do fumo, a atropina da beladona, a codeína e a papaverina do opio, a efedrina da lendária Ma Huang dos chineses, a escopolomina da escopola e a teofilina do chá.
Foi uma verdadeira torrente de descobertas, mas os dois homens que deram o impulso de partida não lhe assistiram a maré. Sertuerner morrera em 1841, aos 57 anos, e Pelletier no ano seguinte, com 54.
Sertuerner fora esquecido em vida; Pelletier teve mais sorte. O alcaloide encontrado na romã em 1877 recebeu o nome de pelleterina, um inimigo da tenia.

Bibliografia: Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman – tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.


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