Os dois farmacêuticos que isolaram a quinina, no começo,
não tinham a certeza de terem descoberto um medicamento específico contra a
Malária. Na verdade eles estavam com dois produtos diferentes, a serem
experimentados no organismo humano. E concluiu a comunicação já iniciada
manifestando a esperança de que algum hábil médico, “dos que reúnem a paciência
a sagacidade”, fizesse as indispensáveis aplicações em seus doentes.
Tais provas não tardaram a ser feitas, e o resultado foi
que se os primeiros cristais eram inócuos, o segundo produto, a quinina,
produzia efeitos notáveis. Um dos
médicos,
François Magendie, fisiologista de renome que já tivera a coragem de
experimentar em seus pacientes a morfina, o iodo, os brometos, a estriquinina,
a brucina, a veratrina e a emetina, adicionou a quinina a sua lista. Logo
depois um oficial francês, o Dr. Maillot, fez a prova da quina em Argel e
Ajacio, parece que com resultados notáveis, pois lhe deram o nome a uma rua de
Argel, e depois a uma aldeia, sendo finalmente pensionado.
Pelletier e Caventou não tiraram patente da descoberta,
mas foram altamente recompensados; grandes honras lhes concedeu a França,
nomeações importantes, o ambicionado prêmio Monthyon de dez mil francos, e
Pelletier chegou até a ter estátua.
Depois de breve pausa para atender aos cumprimentos,
saudações e homenagens, os dois cientistas voltaram ao trabalho. Pelletier isolou
do ópio quatro novos alcaloides. Outros pesquisadores, franceses e alemães,
foram-lhes nas águas e encontraram mais componentes na chinchona, e um jovem
sábio francês, cujo nome estava apontado Louis Pasteur mostrou as relações de família
entre todos os alcaloides da casca peruviana.
E vieram logo a seguir a cafeína do café, e a conina da
cicuta, a nicotina do fumo, a atropina da beladona, a codeína e a papaverina do
opio, a efedrina da lendária Ma Huang dos chineses, a escopolomina da escopola
e a teofilina do chá.
Foi uma verdadeira torrente de descobertas, mas os dois
homens que deram o impulso de partida não lhe assistiram a maré. Sertuerner
morrera em 1841, aos 57 anos, e Pelletier no ano seguinte, com 54.
Sertuerner fora esquecido em vida; Pelletier teve mais
sorte. O alcaloide encontrado na romã em 1877 recebeu o nome de pelleterina, um
inimigo da tenia.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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