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História dos usos da Digitális
Digitalis |
Por toda a Europa ocidental os botânicos conheciam muito
bem uma planta de porte ereto e flores em forma de campainha, hoje chamada de digitális. Muitos nomes teve ela antes do atual. Na Inglaterra medieval era a “floxes’
glew” ou “foxes’music”. Os escoceses tratavam-na de “dedos santos” ou “campainha
de defunto”. E para os noruegueses era a “campainha da raposa”. Na França, “Luva
de Nossa Senhora” ou “Dedos da Virgem”. Para os alemães “Capuz de dedo” ou “Dedaleira”,
e com esta ideia na cabeça os botanicos latinizantes deram-lhe o nome de digitalis, vindo de digitus, dedo. Um destes botânicos, o bávaro Leonhard Fuchs, que
viveu há 400 anos, fez mais que descrever a planta nas suas folhas, flores,
caule, raízes, sementes e habitat. Convencido de seu valor medicinal, também
lhe indicou os usos na pratica medica; era ótima para combater a hidropsia, para
reduzir a inchação do fígado e ainda para atender ás “suspensões” das mulheres.
Mas esse arguto observador era tido apenas como um “florista”
e, embora conhecesse bastante de medicina, os médicos do tempo nunca lhe deram
atenção. Também não davam atenção a outros proclamadores de eficiência da “campainha
de defunto” na redução da “barriga d’água” , homens como Gerrarde, que a usavam
como emético, ou o holandês Dodoens, o qual
escreveu que “para os que tem água na barriga, ela põe fora o líquido,
purifica o fluido colérico e desfaz a obstrução.
Os cientistas da botânica admiravam-se da diferença dos médicos
por aquilo. O uso da digitalis já estava espalhadíssimo no povo inculto, tanto
na Inglaterra como no continente. Essa gente nada sabia de medicina, mas sabia
preparar cozimento de digitalis para os hidrópicos. Os médicos, porém continuam
em branca nuvem.
Assim repelida durante séculos, a digitális afinal
quebrou todas as barreiras e penetrou na fortaleza medica. Em 1722 foi admitida
na grande farmacopeia de Londres, que é o “Who’s Who” das drogas aceitas na
medicina; alguns anos mais tarde estava também nas farmacopeias de Edinburgo,
de Paris e de Wurtemberg. A razão desse passo decorreu sobre tudo do brilhante
testemunho do herbalista inglês William Salmon.
“A luva – de – Raposa”, descreveu o eminente cientista, “é
quente e seca pelo menos no Segundo Grau, e é sulfurosa e Salina, Aperitiva,
Abstersiva, Adstringente, Digestiva e Vulnerária, Peitoral, Hepática e Artrítica, Emética, Catártica e Analática...”Cura a tisica, mas tem que ser
usada com muita cautela porque produz Fraqueza, induz a Vomitos e Purgas;
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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