Era o momento de fugir depressa.
Markham, entretanto, não o quis fazer sem dar uma
resposta ao alcaide. “Segundo me parece”, escreveu ele, “diante da Constituição
do Peru, de 1856, vossas funções são apenas consultivas e legislativas, e não
executivas... Aproveito desta oportunidade para expressas4 a minha apreciação
pelo vosso patriótico zelo... Mas lamento que esse zelo seja acompanhado de tão
lamentável ignorância dos verdadeiros interesses do vosso país”.
Markham entregou esta nota a um mensageiro e ordenou que
a levasse ao alcaide. Depois voloru-se para Weir:
-Logo que o alcaide ler esta nota, teremos á nossa cola
todo o exercito peruviano, mas isso não será senão daqui umas horas. Toca fugir...
A preciosa bagagem foi ajeitada no lombo dos muares; por
cima foram colocadas as tenras mudinhas, e a descida começou; mas a algumas
milhas adiante viram-se bloqueados por um grupo de homens. Markham da pistola e
tais fez o grupo bater em retirada.
- Ora graças! Exclamou ele. Eu não poderia dar um só tiro
porque a pólvora está molhasa...
Mais adiante uma das mulas escorregou e caiu numa
perambeira. Markham desceu para salva as mudinhas; enquanto Weir, nada amigo de
perder tempo, aproveitou a espera para colher mais plantas.
No primeiro povoado tiveram a impressão de que o Peru
inteiro estava na sua cola. Os moradores da biboca já não se mostravam
amistosos. A aquisição de provisões ia se dificultando; e animais de carga só
lhes prometiam com a condição de voltarem por onde tinham vindo, isto é, Puno.
E foram avisados de que outra diligencia os estava esperando nessa cidade sob o
comando do próprio Coronel Martel.
Isso vinha alterar-lhe todos os planos. Foi resolvido
então que Weir seguisse com as mulas que tinham, enquanto Markham, acreditando
na velha pistola, furtou mais três, no lombo das quais levou o grosso das
plantas.
Acompanhado de alguns nativos, corajosamente fez-se Weir
de rumo a Puno, ao encontro do ameaçador coronel.
Se Weir fosse colocado na alternativa de perder as mudas
para salvar os pés, muito bem, deixaria que Martel destruísse as mudas e
salvaria os pés.
Markham, entretanto, ia defrontar um problema mais serio.
Com três mulas e um guia que, como
depois verificou, nunca havia saído de sua aldeia natal, partiu ele para
Arequipa por um diferente caminho. Com o auxilio da bussola e de mapas muito
grosseiros tencionava romper em linha reta através dos andes.
Nada mais absurdo e perigoso, impossível e louco; mas
apesar disso, dez dias depois de ter-se separado de Weir, Markham chegava a
Arequipa. E dois dias depois apareceu Weir, firme nos dois pés, mas sem mudas,
e os dois la seguiram para o porto de Islay em busca do consulado inglês.
A primeira variante da expedição de Markham fora bem
sucedida. As plantas foram para bordo dum navio destinado ao Panamá, onde
Haveria transbordo para Londres. A segunda variante também falhou. Meses depois
da chegada de Markham aparecia Pritchett, vindo lá do vale Caravaya com uma
coleção de mudas das florestas do Huanaco.
No Equador Spruce reuniu milhares de sementes da
chinchona vermelha e as expediu com segurança para Londres. Também apanhou um
severo reumatismo e uma doença nervosa, dando lhe veio a paralisia intermitente
que nunca mais o abandonou.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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