A história da quinina e da luta da ciência contra a malária,
empreendida há já trezentos anos. Foi uma história que se desenrolou de Madri a
Lima, Londres a Paris, e percorreu os Andes, chegando até a Índia e a Ilha de
Java. Mas essa história sofreu um desvio de rumo em 1879.
Até esse ano a malária era combatida as cegas. A quinina
curava, mas ninguém sabia porque nem como, porque ninguém sabia qual era o
transmissor da moléstia.
A partir de 1879, porém, os caçadores de micróbios entram
em campo. Armados com as descobertas de Pasteur, Koch, Behring, Roux e outros,
os bacteriologistas tomaram seus microscópios e declararam guerra aos agentes
tropicais da morte.
Este é o Anofeles |
Em 1879 Patrick Manson descobriu que a filariase,
infecção parasitária como a da malária, difundia-se por meio da picada do
mosquito. Meses depois Laveran examinando ao microscópio o sangue dum
malariento descobriu o que procurava: os terríveis germes que invadiam os glóbulos
vermelhos do sangue.
Em 1883 King denuncia o mosquito como o transmissor da malária
e imediatamente dúzias de estudiosos ingleses, italianos e franceses começam a
agir de acordo com a nova ideia. Antonio Grassi estuda o caso das aldeias
italianas infestadas de mosquitos e Ronald Ross faz o mesmo na Índia.
Ao cabo de onze anos a obra de Ross estava completa. Eles
e outros haviam provado da maneira mais absoluta que a malária tem como causa
um germe, um estranho micróbio que passa um pedaço de sua vida no mosquito e
outro no organismo humano, as anófeles. E mostrou que a quinina é efetiva
porque destrói o micróbio da malária no sangue humano.
Por esta informação, obtida com sacrifício de sua própria
saúde, Ross obteve o premio Nobel em 1902.
Os novos fatos coligidos tornaram viável o ataque á malária
de outra maneira, a preventiva. Engenheiros e o exercito da saúde pública
passaram a combater o mosquito e as águas estagnadas onde eles se proliferam. A
luta fez-se com enxadão e pá, com dinamite e petróleo. Milhões de focos foram destruídos.
Aqueles requeimados homens da luta ao ar livre formaram uma sagrada aliança com
os pálidos investigadores de laboratório.
Enquanto tais combates se travavam nesses setores, os químicos
insistiam em penetrar nos segredos da quinina. Em 1879, quando Mason descobriu
a filariase, Skraup, na Alemanha, encontrou uma das unidades da molécula da
quinina peça importante que recebeu o nome de quinolina. Ao tempo em que Rios
encerrava os seus notáveis estudos na Índia Koenigs descobria na Alemanha outra
unidade da quinina, á qual deu o nome de meroquina. Em 1907, sete anos depois
da concessão do premio Nobel a Ross, dois alemães, Rabe e Hoerlein, descobriram
que a molécula de quinina era composta de uma unidade de quinolina e uma de
meroquina, entre ligadas por uma simples unidade de álcool.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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