quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Bloqueando as mensagens do dor do cérebro

Em 1888 Carl Koller era assistente no Hospital Oftalmológico de Utrcht, na Alemanha. Terminado o prazo de seu contrato ele resolveu montar uma clínica própria, e para campo de ação escolheu a cidade de Nova York.
Antes da mudança de Koller para a América já os doutores americano vinham descobrindo as grandes coisas possíveis com a cocaína. Haviam começado o estudo da droga semanas antes da reunião de Heidelberg, e ao cabo de alguns meses tinham realizado descobertas.
Em South Norwalk, no estado de Connecticut, um fazendeiro estava limpando o revolver a arma disparou e a bala feriu sua mão. Esperou todo um dia pelo médico, o que lhe deixou a mão muito inchada e dolorosa. Veio o Dr. W.C Burker Jr, o qual examinou a mão; em seguida escusou-se por um momento enquanto lia qualquer coisa num jornal medico. Depois injetou solução de cocaína no nervo tronco, donde se ramificam os nervos da mão.
“Passando apenas cinco minutos”, relatou, “fiz uma profunda incisão de polegada e meia de comprimento, sem que o paciente desse qualquer sinal de dor”.
O Dr. Burke havia descoberto um importante truque de anestesia local- o sistema de injetar a cocaína num nervo tronco, de modo a bloquear as mensagens da dor mandadas aos centros capitais. Poucos dias mais tarde R.J.Hall e William Stewart Halsted, de New York, descobriram de novo essa mesma técnica. Injetando cocaína no nervo na parte superior da perna, verificaram que o pé ficava insensibilizado. O Dr Hall plantou mais um marco na solução do problema quando escreveu: ”esta tarde, tendo de obturar um dente e estando com a dentina em extremo sensível, induzi o DR.Nash, Da Rua 31, a experimentar o efeito da cocaína...”
A anestesia local penetrou na clínica dentária.
Ainda em New York, Leonard Corning fez duas descobertas significativas para o problema da anestesia local.
A princípio, quase que apenas por mera curiosidade vadia, injetou ele uma dose de cocaína em seu próprio braço, e notou que a anestesia durava vinte minutos. Injetou depois uma dose igual, mas amarrou bem apertado o braço na parte acima da injetada, e a anestesia durou quase cinco horas.
Corning ia inaugurar um novo tipo de anestesia. Começou uma série de experiências “... com o fim de determinar se era possível a anestesia local da corda espinal”... Entre duas vértebras dum cachorro injetou uma gota de cocaína, em pouco minutos toda a parte traseira do animal estava insensível – patas, ancas, cauda.
“Seja lá o que for disto”, escreveu ele, “o fato merece consideração”.
O que saiu daquilo foi o desenvolvimento da anestesia espinal.


Bibliografia: Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman – tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943

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