domingo, 18 de dezembro de 2016

Explodindo laboratórios Liebig descobriu o clorofórmio

A primeira explosão provocada por Justus von Liebig foi relativamente insignificante. Nem chegou a ser propriamente uma explosão, sim um leve acidente que derramou uma vasilha de tinta no atelier de seu pai, em Darmstad, na Alemanha.
- Justus, repreendeu o velho von Liebig, já disse que não mexesse nas tintas. Por que não fica lá em casa, a estudar nos livros ou a fazer qualquer coisa?
- Papai, respondeu o menino tirando uma pasta de tinta que lhe espirrara nos cabelos, eu não gosto de estudar nos livros , meu prazer é trabalhar aqui. Quero misturar tintas e ajuda-lo.
Justus Von Liebig
Mas o velho pareceu que aquele seu negocio caminharia muito melhor sem a ajuda do filho, de modo que o forçou a cursar o ginásio; queria que ele aprendesse matemática e se tornasse um verdadeiro homem de negócios.
A segunda explosão foi coisa mais forte. Ocorreu por uma tarde do ano 1819 e deu com Julius fora da escola.
- Não sei o que fazer com você, declarou o reitor. Veja o que me fez com essas porcarias de drogas! A paredeestá toda borrada e as janelas sem vidros. Há meses que você vem sendo a peste da escola. Que desgosto não deve dar aos seus pais um menino assim! Que vai ficar quando vier o bigode? Que pretende ser?
- Quimico. Vou ser químico, respondeu Justus.
E o menino foi devolvido a casa paterna. Onde aliás não demorou ,muito tempo; seu pai tinha outras ideias.
- Quimico? Absurdo, rapaz! Vai ser mas é farmacêutico. Vou manda-lo para Heppenheim, como aprendiz.
A terceira explosão veio dez meses depois – e dessa vez foi coisa séria. Arrebentou o teto do sótão da botica, espatifou as vidraças, arrancou dos batentes as portas e jogou com o aprendiz no olho da rua. Novamente pai e filho se defrontaram.
- Justus, disse o velho, que hei de fazer de você Por que não se comporta e não dá um bom aprendiz?
- Mas, papai, eu não quero ser boticário. Quero ser químico.
E foi assim, graças a sua teimosia, que em 1820 Justus Liebig entrou  para a Universidade de Bonn afim de estudar ciências – e as explosões cessaram. A estadia em Bonn mostrou-lhe a impossibilidade de aprender química na Alemanha. “Em 1820”, escrever mais tarde, “o melhor laboratório da Alemanha não valia uma simples cozinha” – e isso o fez tomar o caminho de Paris, atraído por Gay-Lussac, o grande mestre francês.
E foi lá em Paris que certa vez um homem verdadeiramente gigantesco se aproximou dele e começou a fazer perguntas?
- Em que está trabalhando?
- No fulminato de prata.
- E que já descobriu?
Justus contou o que havia feito, polidamente, mas com entusiasmo. O enorme estrangeiro impressionou-se.
- Interessante, sim. Ai há coisa. Não quer jantar comigo domingo? Poderemos conversar mais.
O domingo chegou. Justus vestiu sua melhor roupa, mas no meio da excitação da novidade foi colhido por uma ideia terrível. Que homem era aquele? Qual o seu nome? Onde morava Justus esquecera-se de perguntar-lhe tudo isso...
No dia seguinte, segunda-feira, logo que entrou no laboratório, um dos estudantes aproximou-se.
- Von Liebig, onde se meteu ontem? Por que não foi ao jantar? Todos o esperamos por muito tempo.
- Sabe o que aconteceu? Esqueci perguntar o nome e o endereço do homem.
- esqueceu? Esqueceu?... Não percebeu logo de cara que estava sendo convidado pelo Barão de Humboldt, o maior sábio do mundo?
Liebig tirou o avental rapidamente e voou para a casa do maior sábio do mundo, ao qual deu atrapalhadamente as desculpas que pode. O grande hoeme riu-se a valer, recostado na poltrona. Depois, enxugando as lagrimas do rosto enrugado, perdoou ao jovem químico e fez-lhe outro convite par o domingo próximo.
Quando chegou o tempo de Liebig deixar Paris, Von Humboldt deu-lhe uma preciosa carta de recomendação com que o jovem químico obteve o lugar de professor na velha universidade de Giessen.
Em 1831, uma das experiências de Liebig abriu um campo novo para a medicina; sem que a medicina o percebesse o químico misturou cloro e álcool e obteve uma coisa nova – O cloral. Depois tratando o cloral com um álcali forte, obteve outro líquido a que deu o nome de clorofórmio

Bibliografia: Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman – tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943

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