Apenas seis meses depois do anuncio da antifebrina, outro
febrífugo apareceu, dessa vez não por acaso, mas economicamente planejado.
A coisa começou certa manhã em que Carl Duisberg pôs- se
a trabalhar num desagradável problema de acumulo de lixo. Num dos pátios de
usina de Freiedrich Bayer, onde Duisberg era diretor de pesquisa, formara-se
uma montanha de pó amarelo, ai dumas cinquenta toneladas.
- temos que fazer qualquer coisa disto, falou Duisberg ao
seu assistente. Está nos tomando muito espaço aqui.
- Que é?
- Para-amimo-fenol cru – um desses subprodutos inúteis
que viram problemas em todas as fábricas. Qual a sua ideia
O assistente fez um gesto de cabeça revelador de
esperança.
- Lá na minha mesa tenho a formula deste subproduto-
vamos vê-la. E lá: Aqui está ela. E aqui está a formula da antifebrina, daquele
gajo de Strasburgo. Vê como são semelhantes.
-Muito bem. Minha
ideia é que se acetilarmos esta amina aqui e depois bloquearmos este fenol com
um metílico ou algo do grupo etílico, podemos chegar a alguma coisa pratica.
Como mágicos a planejarem um novo meio de extrair uma
lebre do fundo dum chapéu, os dois químicos calmamente traçaram no papel a
transformação dum subproduto residual em uma poderosa droga antifebril.
Trabalho extremamente simples. As sugestões de Duisberg
foram executadas em pequena escala e deram um produto que a primeira vista
recebeu a classificação de etoxil-acetanilioda, nome que mostrava suas relações
com a antifebrina de Cahn e Hepp – e aquilo foi mandado ao hospital de Freiburg
para prova nos doentes.
Feitas as provas, aquele montão de resíduos se reduziu
todo a fenacetina – um excelente e baratissimo febrífugo.
Quando chamaram a Carl Duisberg e o elogiaram pela ideia,
aquele quimicozinho retaco e de reduzida estatura refugou os aplausos. “Não,
disse ele, “o Caso foi muito simples. Não podíamos continuar com tamanha
montanha no pátio e o remédio era removê-la ou transforma-la em algo que pudéssemos
vender”...
Essa expressão “transforma-la em algo que pudéssemos vender”
tornou-se a ideia mestra da filosofia industrial alemã.
A Alemanha havia dado ao mundo quatro grandes drogas
antifebris: acido salicílico, antipirina, antifebrina e fernacetina. Breve
daria mais duas, piramidon, ou aminopirina, que não passava a antipirina
melhorada, e também o cinchofen para a gota.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943
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