quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Oscar Liebreich o divulgador da porção do sono

Em 1868, Oscar Liebreich, estava a quatro anos depois de doutorar-se m medicina. Trabalhava em Berlim e procurando aplicar produto químico na cura de doenças. Seu interesse maior estava no tratamento da insônia.
Naquele tempo havia meia dúzia de porções dormitivas de efeito real, das quais três sem perigo; mas não havia nenhuma que fosse ao mesmo tempo efetiva e sem perigo. Os brometos eram muito fracos, e a morfina, o éter, o clorofórmio, a marihuana, o hashish e os outros eram muito perigosos para o uso seguido, sem a constante vigilância do medico.
- O melhor, admitia Liebreich para si mesmo, ainda é malhar na cabeça com u martelo.
Mas devia haver algo melhor que o martelo. Devia haveralguma droga fácil de tomar, algo que cantasse á vitima da insônia uma cantiga de adormecer criança e fosse fácil de tomar e sem perigo. Devia haver, porque não há o que não haja – e, afim de por-se na pisada do calmante, o medico Liebreich voltou a ser o químico Liebreich.
Existia possibilidade numa indicação de Justus von Liebig; misturar álcool e cloro para fazer cloral; tratar o cloral com álcali para fazer clorofórmio. “Espere”, pensou Liebreich. “Cloral mais álcali dá clorofórmio e o clorofórmio faz dormir. E que acontecerá se pusermos algum cloral na corante do sangue para que o álcali do sangue se arrume com ele? Está aqui uma ideia”.
Oscar Liebreich resolveu transformar os vasos sanguíneos em tubos de laboratório. Havia álcali no sangue, sim, mas muito pouco; mesmo assim devia produzir misturado com o cloral, o clorofórmio necessário para adormecer o paciente. A coisa devia dar-se exatamente como no laboratório, apenas com maior morosidade. A formação do clorofórmio sendo assim lenta, de horas, dela viria horas de sono para o insone!
Se Liebreich tivesse no laboratório misturado um pouco de cloral com sangue para ver se dava clorofórmio, teria logo abandonado a ideia como inviável. Essa reação não existe – mas o nosso homem ignorava-o
Em vez de fazer o que era logico e sensato em vez dum teste no laboratório começou logo pelo fim – a experimentar em rãs. Injetava-as com cloral e elas imediatamente adormeciam.
- Admirável! Exatamente como pensei. O cloral vira em clorofórmio lá dentro e as adormece.
Depois que as râs acordaram e se puseram ade novo a saltar, perfeitamente normais. Liebreich abandonou-as e passou aos coelhos. Os resultados foram os mesmos!
Liebreich rodou para as enfermarias dos Hospitais de caridade, depois de obter licença para experimentar lá a sua poção. Primeiro em dementes, sem dúvida, porque se morressem não seria grave a perda.
Numa das camas jazia Herr Stoekel, vitima de epilepsia e melancolia ansiosa. Com medo de que sua cama pegasse fogo, passava acordado dia e noite. Liebreich injetou-lhe no braço vinte gotas de cloral diluídas em água. Três minutos depois o doente começou a bocejar e piscar de sono. “Eu não quero dormir”, dizia ele em sua loucura. “Saiam daqui, por favor, eu não quero dormir...”
Ao cabo de dez minutos seus olhos se fecharam. Ele ainda tentou abri-los. Não pode mais. Caíra em sono tão profundo que nem picadas de alfinetes o acordaram. Dormiu três horas, fez o lanche e caiu de novo no sono.
Três vezes o pobre epilético foi injetado de cloral e nas três vezes afundou no sono que tanto temia e que tanto precisava. Em seguida Liebreich deu uma injeção de cloral numa mulher de meia idade cujo cérebro estava sendo atacado de paralisia, e outra numa linda moça perseguida de horrendas visões.
Ambas dormiram e despertaram aliviadas. Os médicos, então, com o maior entusiasmo, fizeram a experiência do clorofórmio em outros enfermos que igualmente não podiam dormir, ou por causa de uma dor, ou por caua de preocupações – e todos dormiram noites e noites seguidas e assim puderam restabelecer-se.
Mesmo quando outros médicos alemães provaram que já de oito anos vinham usando aquela droga, ele não se incomodou. Fosse como fosse, a Oscar Liebreich devia o mundo a maravilhosa poção que faz dormir.
Bibliografia: Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman – tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943



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