- Os médicos, declarou o químico Hermann Kolbe, são todos
uns trapalhões.
- Inclusive eu? Perguntou o cirurgião Karl Thiersch.
- Claro. Inclusive você, meu amigo.
- E por que, Hermann?
Kolbe fungou.
Hermann Kolbe, qumico |
- Vou dizer porque. Olhe esse louco do Pasteur, lá na
França. Se um dos meus alunos não trabalhasse melhor que ele, imediatamente eu
o expulsaria do laboratório!
- oh!!... E outras razões?
Kolbe fungou outra vez.
- Considere o caso do seu grande amigo Lister. Veja como manipula
o acido carbólico. É por milagre de Deus que ele nãose mata a si mesmo e a todo
mundo.
O Dr. Thiersch ponderou sobre o caso.
- Talvez você tenha razão, Kolbe. Pasteur e Lister erram
de vez em quando. Mas fazem grandes coisas. Ambos salvaram muitas e muitas
vidas.
- Ach, tolice! Como podem fazer bem, se estão
continuamente, cometendo erros? Eu, por exemplo, não erro.
Nunca em minha vida errei.
- Hum! Fez Thiersch
- Sim, continuou Kolbe, tenho desprezo pelos que erram.
- Se eu o não conhecesse muito bem, Kolbe, me sentiria
ofendido e virava os calcanhares – mas vim aqui a procura de conselhos sobre o
acido carbólico. Conselhos ou informações químicas.
- Informações químicas? Bom. Isso é diferente. Que deseja
saber? Retiro os meus insultos, disse Kolbe piscando os olhos bem humoradamente.
- O caso é sério, Hermann. Ando pensando em dar acido carbólico
z alguns dos meus clientes – em caso de tifo, tuberculose e crupe, mas esse
acido é muito perigoso. Haverá qualquer outro produto químico menos ofensivo e
que lá dentro do corpo se transforme em acido carbólico?
-É isso? Pois veio bater na porta certa. Há o que você
quer e justamente fui eu o descobridor. Chama-se ácido salicilico.
-Realmente?
- sem duvida. Vinte anos atrás eu o produzi. Descobri
meio de sintetizar o acido salicílico extraindo-o do carbólico, e depois
verifiquei que este acido salicílico volta a ser carbólico novamente. - É
admirável! Exclamou Thiersch. Mas acha que agirá assim no organismo?
- Certamente que agirá. Que é o corpo humano senão um
tubo de laboratório? Garanto que agirá. Mas amanhã meus rapazes produzirão
acido salicílico e nós verificaremos o ponto – Obrigado Hermann. Mas cuidado,
hein?..
- Com o que?
- Cuidado! Não vá cometer algum erro...
- Absurdo!
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943
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