terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Cipó Cruz remédio para mordedura de cobras

A Cainca, Caninana, Raiz preta, Cruzeirinha, Fedorenta, raiz de Frade ou Quina preta, é planta medicinal brasileira largamente usada. Esta planta era empregada pelo professor Henrique Roxo na forma de extrato fluido na metade do século XX.
A cainca foi encontrada, em 1777, pelo botânico peruano José Pavon, nas explorações que empreendeu no Peru, em colaboração com o naturalista Hipolito Ruiz.
Ambos estudaram largamente a flora do Peru e do Chile, relatando seus trabalhos no livro Flora Peruviana e Chilensis, publicada em 1798-1802.
Cainca, Cipó Cruz, Quina preta
Estes autores verificaram pertencer a Cainca ao gênero Chiococa de Patrick  Esta disposição dos ramos em cruz é que levou o povo a chama-la de Cruzeirinha.
Em 1815 , a Cainca foi descrita por Frederico Alexandre de Humbold, em colaboração com o botânico Aimé Jacques Alex Bponpland na sua obra Nova Genera et Species plantarum equinoctialum, com a denominação de Chicocca racemosa.
O esclarecimento sobre a diagnose botânica veio por Müller d’Argovia para a Flora Brasiliensis. Assim descrita: arbusto de 2 a 3 metros de altura, escadense, muito ramos, com ramos cilíndricos, delgados opostos, mais ou menos em cruz, lisos, nodosos; folhas opostas, curto pecioladas, inteiras, glabras, subovais ou elípticas, acumeadas peninérveas, cor verde escura e lustrosa na face superior e, na inferior, de cor verde mais clara, com estipulas de base ampla e curta ou longamente pontiagudas.
A Cainca gozou antigamente de grande reputação para combater os efeitos das mordeduras de cobras, principalmente da Caninana, de onde deriva um de seus nomes populares. Foi ainda a essa propriedade que o sábio von Martius lhe deu a denominação de anguifuga, cuja significação é que “afugenta cobras”.
Os curandeiros empregam a raiz no seguinte modo: a vitima da picada da cobra, dão uma mistura de turva de 1 colher de chá do pó da raiz com água ou aguardente: produzem-se imediatamente vômitos e, logo depois evacuações bundantes. Na mesma ocasião aplicam, sobre o lugar da picada, uma cataplasma feita com a raiz contusa e aguardente.
 A Cainca goza de propriedades purgativas, diuréticas e vomitivas.
É empregada em pó, na dose de 25 centigramas 3 a 4 vezes ao dia, na hidropsia, ou sob a forma de decocto (10 para 500 de veículo). Esse decocto é também usado para combater as febres palustres.
Em doses elevadas ela provoca vômitos repetidos.
O extrato fluido é empregado na mesma dose que o pó e o professor Henrique Roxo, em recente comunicado a Academia Nacional de medicina, diz ter com ele colhido muito bom resultados em doenças do fígado.
É também tida como poderoso tônico amargo e febrífugo.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal 1937 – Cainca Estudo botânico, Pharmacognostico e chimico - Jaime Cruz - farmacêutico

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