A Cainca, Caninana, Raiz preta, Cruzeirinha, Fedorenta,
raiz de Frade ou Quina preta, é planta medicinal brasileira largamente usada.
Esta planta era empregada pelo professor Henrique Roxo na forma de extrato
fluido na metade do século XX.
A cainca foi encontrada, em 1777, pelo botânico peruano
José Pavon, nas explorações que empreendeu no Peru, em colaboração com o
naturalista Hipolito Ruiz.
Ambos estudaram largamente a flora do Peru e do Chile,
relatando seus trabalhos no livro Flora Peruviana e Chilensis, publicada em
1798-1802.
Cainca, Cipó Cruz, Quina preta |
Estes autores verificaram pertencer a Cainca ao gênero Chiococa
de Patrick Esta disposição dos ramos em
cruz é que levou o povo a chama-la de Cruzeirinha.
Em 1815 , a Cainca foi descrita por Frederico Alexandre
de Humbold, em colaboração com o botânico Aimé Jacques Alex Bponpland na sua
obra Nova Genera et Species plantarum equinoctialum, com a denominação de
Chicocca racemosa.
O esclarecimento sobre a diagnose botânica veio por Müller
d’Argovia para a Flora Brasiliensis. Assim descrita: arbusto de 2 a 3 metros de
altura, escadense, muito ramos, com ramos cilíndricos, delgados opostos, mais
ou menos em cruz, lisos, nodosos; folhas opostas, curto pecioladas, inteiras,
glabras, subovais ou elípticas, acumeadas peninérveas, cor verde escura e
lustrosa na face superior e, na inferior, de cor verde mais clara, com
estipulas de base ampla e curta ou longamente pontiagudas.
A Cainca gozou antigamente de grande reputação para
combater os efeitos das mordeduras de cobras, principalmente da Caninana, de
onde deriva um de seus nomes populares. Foi ainda a essa propriedade que o sábio
von Martius lhe deu a denominação de anguifuga, cuja significação é que “afugenta
cobras”.
Os curandeiros empregam a raiz no seguinte modo: a vitima
da picada da cobra, dão uma mistura de turva de 1 colher de chá do pó da raiz
com água ou aguardente: produzem-se imediatamente vômitos e, logo depois
evacuações bundantes. Na mesma ocasião aplicam, sobre o lugar da picada, uma
cataplasma feita com a raiz contusa e aguardente.
A Cainca goza de
propriedades purgativas, diuréticas e vomitivas.
É empregada em pó, na dose de 25 centigramas 3 a 4 vezes
ao dia, na hidropsia, ou sob a forma de decocto (10 para 500 de veículo). Esse
decocto é também usado para combater as febres palustres.
Em doses elevadas ela provoca vômitos repetidos.
O extrato fluido é empregado na mesma dose que o pó e o
professor Henrique Roxo, em recente comunicado a Academia Nacional de medicina,
diz ter com ele colhido muito bom resultados em doenças do fígado.
É também tida como poderoso tônico amargo e febrífugo.
Bibliografia:
Revista da Flora Medicinal 1937 – Cainca Estudo botânico, Pharmacognostico e
chimico - Jaime Cruz - farmacêutico
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