segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Flacourtiaceas Antilepróticas

SAPUCAINHA
Os óleos das Flacourtiáceas  são há muitos milênios empregados em várias dermatoses, e especialmente na luta contra a lepra. Nas Índias, onde viceja o Hydnocarpus Kurzii, ainda hoje conhecido por chaulmugra, foi sempre um campo vasto, terrivelmente assolado por essa enfermidade, que parece daí ter-se espalhado pouco a pouco pelos países limítrofes, e mais tarde para o Oriente, assinalando sua passagem pelo universo inteiro com o estigma da dor e do sofrimento, sem distinção de latitudes, classes ou raças.
De terras longínquas e de eras remotas, vieram várias lendas alusivas à ação curativa da chaulmugra.
Os nativos da índia, Indochina, Malásia e África já se medicavam com o óleo extraído de várias sementes; a mesma medicação era empregada pelos antigos habitantes do Brasil, que encontravam no óleo das sementes de um vegetal da sua flora, alivio para o mal que os atacava. Todas essas plantas, provenientes de lugares diferentes e de continentes diversos eram, entretanto localizadas nos trópicos e pertencia a mesma família botânica.
Do estudo minucioso dessas plantas e emprego terapêutico cuidadoso de seus produtos, poderia resultar nova orientação ao problema da lepra, contribuindo talvez para incentivar, aprofundar e aperfeiçoar a chaulmugroterapia. Mas, infelizmente até hoje, ainda são desconhecidas as propriedades químicas e terapêuticas dos óleos fornecidos pela maioria das espécies, estendendo esta lacuna tanto as plantas encontradiças em nossa flora, como às exóticas.
Fazemos em nosso trabalho a descrição da família das Flacourtiáceas, sua sistemática segundo Engler, divisão em tribus, sub-tribus e Gêneros. Das tribus Oncobeae e Pangieae citamos todas as espécies de interesse e seus produtos oleosos, com o histórico, habitat, aclimatação, descrição botânica e pesquisas farmacológicas, juntando fotos originais e reprodução de árvores, flores, frutos e sementes.
Os gêneros Oncoba, Caloncoba, Lindacheria, Mayna e Carpotroches, pertencentes à tribu Oncobeae, são encontrados na África e América Tropicais, cpom inúmeros representantes na flora brasileira. Destes somente a Carpotroche brasiliensis Endl tem sido estudada e aplicada. O seu óleo vulgarmente conhecido por “óleo de sapucainha”, já fora em 1866 preconizado por Theodoro Peckolt como provável substituto da chaulmugra indiana, diante das propriedades antiparasitárias e dematósicas aclamados por indígenas e civilizados.
A Peckolt devemos o primeiro estudo químico do referido óleo pertencente à classe da chaulmugra, e realizado treze anos antes de Moss o fizesse numa chaulmugra indiana, então denominado “óleo ginocárdio”.


Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – 1941 – Helena Possôlo- Chefe do laboratório de Química do Serviço de Profilaxia da Lepra do estado de São Paulo. Membro correspondente da Academia Nacional de Farmácia.

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