SAPUCAINHA |
Os óleos das
Flacourtiáceas são há muitos milênios
empregados em várias dermatoses, e especialmente na luta contra a lepra. Nas Índias,
onde viceja o Hydnocarpus Kurzii, ainda hoje conhecido por chaulmugra, foi
sempre um campo vasto, terrivelmente assolado por essa enfermidade, que parece daí
ter-se espalhado pouco a pouco pelos países limítrofes, e mais tarde para o
Oriente, assinalando sua passagem pelo universo inteiro com o estigma da dor e
do sofrimento, sem distinção de latitudes, classes ou raças.
De terras
longínquas e de eras remotas, vieram várias lendas alusivas à ação curativa da
chaulmugra.
Os nativos da
índia, Indochina, Malásia e África já se medicavam com o óleo extraído de
várias sementes; a mesma medicação era empregada pelos antigos habitantes do
Brasil, que encontravam no óleo das sementes de um vegetal da sua flora, alivio
para o mal que os atacava. Todas essas plantas, provenientes de lugares
diferentes e de continentes diversos eram, entretanto localizadas nos trópicos
e pertencia a mesma família botânica.
Do estudo
minucioso dessas plantas e emprego terapêutico cuidadoso de seus produtos,
poderia resultar nova orientação ao problema da lepra, contribuindo talvez para
incentivar, aprofundar e aperfeiçoar a chaulmugroterapia. Mas, infelizmente até
hoje, ainda são desconhecidas as propriedades químicas e terapêuticas dos óleos
fornecidos pela maioria das espécies, estendendo esta lacuna tanto as plantas
encontradiças em nossa flora, como às exóticas.
Fazemos em
nosso trabalho a descrição da família das Flacourtiáceas, sua sistemática
segundo Engler, divisão em tribus, sub-tribus e Gêneros. Das tribus Oncobeae e
Pangieae citamos todas as espécies de interesse e seus produtos oleosos, com o
histórico, habitat, aclimatação, descrição botânica e pesquisas farmacológicas,
juntando fotos originais e reprodução de árvores, flores, frutos e sementes.
Os gêneros
Oncoba, Caloncoba, Lindacheria, Mayna e Carpotroches, pertencentes à tribu
Oncobeae, são encontrados na África e América Tropicais, cpom inúmeros
representantes na flora brasileira. Destes somente a Carpotroche brasiliensis Endl tem sido estudada e aplicada. O seu
óleo vulgarmente conhecido por “óleo de sapucainha”, já fora em 1866
preconizado por Theodoro Peckolt como provável substituto da chaulmugra
indiana, diante das propriedades antiparasitárias e dematósicas aclamados por
indígenas e civilizados.
A Peckolt
devemos o primeiro estudo químico do referido óleo pertencente à classe da
chaulmugra, e realizado treze anos antes de Moss o fizesse numa chaulmugra
indiana, então denominado “óleo ginocárdio”.
Bibliografia:
Revista Brasileira de Farmácia – 1941 – Helena Possôlo- Chefe do laboratório de
Química do Serviço de Profilaxia da Lepra do estado de São Paulo. Membro
correspondente da Academia Nacional de Farmácia.
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