segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Feijó e o Profº Dias da Rocha : dois séculos de fitoterapia no Ceará

5. Spigelia anthelmia L. (lombrigueira). Esta pequena erva anual dos terrenos úmidos é registrada pelo naturalista Feijó com os mesmos usos medicinal popular referido pelas comunidades atuais. E , portanto, um dos vermífugos mais antigos da medicina popular cearense.
6. Convolvulus michoacan ( batata de purga) Provavelmente esta espécie corresponde hoje a Operculina macrocarpa (L.). Farwell e sua congere O.alata (Meiss) Urban, cujo nome popular e usos são, ainda, os mesmos de hoje. Ambas são trepadeiras lenhosas, de raízes tuberosas grandes e piriformes. A primeira é bienal e apresenta flores alvas em demorada floração. A segunda é anual e suas flores são amarelas. Os tubérculos de ambas estão oficializados na Farmacopéia com o nome de jalapa brasileira e são largamente comercializados sob o nome de aparas de batata de purga.
Batata de purga - Convulvulus michoacan
7. Polygonum virginianum (pimenta d’água) corresponde, pela descrição, a Polygonum acre H.B.K conhecida vulgarmente, também, pelo nome de pimenta d’água ou, segundo a denominação sulina, erva de bicho. O registro de seu uso como anti-hemorroidal, hoje raro, no Nordeste, coincide com seu emprego atual feito através de produtos fitoterápicos industrializados.
Quase meio século depois do trabalho do naturalista Feijó aparece a primeira publicação específica sobre plantas medicinais cearenses versando sobre 67 espécies regionais e seu emprego medicinal. Esta publicação, de autoria dde Manoel Freire Alemão de Cisneiros (1834-1863), mais conhecido como Freire Alemão Sobrinho é referida como sendo o primeiro texto de matéria médica de Plantas Medicinais do Ceará. Foi divulgada em 1860, sob o título Lista dos Simplices da Matéria Médica Brasileira que se Encontram na Província do Ceará coincidindo com a publicação da “Flora Cearense”, de Francisco Freire Alemão (1790 -1874), elavorada durante os anos de 1859-1861, enquanto presidia a Comissão Científica que desenvolveu vários estudos no Ceará.
Meio século depois, no ano de 1919, vem à lume, a Botânica Médica Cearense do Professor Francisco Dias da Rocha (1869-1960), naturalista versado no exercício da fitoterapia, ocupando-se de 166 espécies de plantas nativas na região, e que, na palavra do próprio autor, tratava-se da primeira edição da terapêutica indígena cearense. Este trabalho foi ampliado reeditado pelo próprio autor em 1947.
Entretanto, a principal fonte de consulta, facilmente disponível, para a atual geração de botânicos, químicos, farmacologistas, e mesmo para os leigos interessados em plantas medicinais nordestinas, veio a ser o livro do Profº Raimundo Renato de Almeida Braga (1905-1968), Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, editado em 1953.
Renato Braga, escritor e historiador por vocação e agrônomo, professor de zootecnia por profissão, reuniu em 1.416 verbetes de seu livro, um grande número de informações sobre a maioria das plantas da flora nordestina, incluindo muitos dados acerca de seus usos o que permite considerá-lo como uma verdadeira botânica econômica regional. Por causa de sua intensa procura, este livro foi reimpresso oito vezes, pela Editora Mossoroense, da Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM), em sucessivas edições, a partir da segunda edição tirada em 1960.
CONTINUA

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia, 72(1): 21-24, 1991 – F.J. de Abreu Matos-Supervisor do Horto de Plantas Medicinais. Universidade Federal do Ceará – Campus do Pici 60.750 – Fortaleza Ceará 

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