Em 1924 veio
de Cuba a solicitação, para uma revista especializada, de sementes de uma
árvore brasileira, Carpotroche brasiliensis, Engl. Alegando como motivo do
pedido a sua qualidade de fornecer um óleo igual e de efeitos aos da própria
chaulmugra das Índias. A redação da revista que recebeu o pedido se sentiu
honrada com a solicitação. Porém, tinha por dever esclarecer. Na verdade havia
na época, 1924, uma grande confusão em relação ao nome das chaulmugras – Oncoba echinata ou Carpatroche brasiliensis. Por hora era secundário saber qual o nome
exato da planta. O principal era identifica se no nosso Carpotroche brasiliensis, Engl havia ou não princípio ativo.
Apelamos para médicos, químicos e farmacêuticos para que estudasse e
analisassem o óleo do “canudo de pito”, Carpatroche brasiliensis, já alisado
por Theodoro Peckolt que nele descobriu um princípio orgânico, a carpatrochina.
Carpatroche brasiliensis - "Canudo de pito" |
Através do
neto de Theodoro Peckolt, Waldemar
Peckolt, médicpo conceituado no Rio de Janeiro, que colaborou com seu
conhecimento. O autor explica que já pelo seu pai e avô, Dr. Gustavo Peckolt
tinham sido feitos estudos completos, botânico, químico e farmacoterapeutico,
de “canudo de pito”, publicados no “Hell und Nutzpflanzen Brasiliensis” em 1889
e no Analyses de Matéria Medica Brasileira em 1867. A leitura do artigo do Dr
Waldemar Peckolt é indispensável a todos que se interessem pelo assunto e que
por ventura tiverem o desejo de fazer novos estudos sobre a matéria.
A chaulmugra
acha-se aqui classificada com os nomes de Taraktogenos Kurzii e Gynocardia
odorata.
Segundo o
Museu Botânico de Berlim o gênero Oncoba
(Lundia Schum. Et Thonn) é africano com 5 espécies, de flores grandes, bonitas, brancas e cheirosas e fruto
grande, redondo,deiscente, cujo pericarpo é ligneo e cheio de uma polpa carnosa
ou gelatinosa na qual se acham pequenas e numerosas sementes, e constituído por
arbustos, árvores arbustivas ou árvores pequenas. Os frutos grandes de O. spinosa Forsk ( que supomos ser
sinônimo de O. echinata servem na
África do este, de caixa para rapé e pólvora, e no Kamerun, os dois lados
unidos por um barbante de brinquedo.
A chaulmugra
não é nenhuma espécie do gênero Oncoba.
O gênero
Gynocardia R. Br. (Chaulmugra Roxb – Chilmoria Buch-Ham) é da Índia como única
espécie, G. odorata R. Br. Com flores
bem grandes, cheirosas, nas axilas e nas folhas ou no próprio tronco e o fruto
é uma capsula grande com pericarpo grosso lenhoso e a polpa gelatinosa. As
sementes são ovais de varias formas. É uma árvore que há pouco tempo ainda se
acreditava fosse fornecedora do afamado óleo de chaulmugra.
Porém, novas
pesquisas aniquilaram esta suposição. O óleo obtido das sementes desta planta é
absolutamente diferente do verdadeiro sendo agora chamada chaulmugra falsa.
As sementes
de Hydnocarpus Kurzii fornecem o
legitimo e tão apreciado óleo de chaulmugra que nas Índias, mormente em Burma e
também na China desde séculos tem sido aplicado em doenças cutâneas e
especialmente como um eficaz antileproso. O óleo contem dois ácidos: chaulmugra
e hydno cárpico. Os habitantes servem-se da polpa para atordoar peixe.
Sobre o
canudo de pito, Carpatroche brasiliensis, Engl, a possível chaulmugra do
Brasil, nada acrescentamos.
Bibliografia:
Almanaque Agrícola Brasileiro, 1926 – Dr Gustavo Edwal.
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